domingo, 1 de maio de 2011

Piolho! E agora, o que eu faço?


Encontrar piolho na cabeça de uma criança é bastante aflitivo para muitos pais. Principalmente quando isto nunca ocorreu antes, causando muitas vezes um pânico desnecessário. É importante entender como uma criança pega piolho e como se desenvolve a infestação no couro cabeludo, para que as medidas a serem tomadas sejam rápidas e eficazes, evitando-se utilizar o que não funciona e, talvez, até podendo piorar o problema.


Os piolhos adultos costumam ter em média 2 a 3 mm de comprimento e, se estiverem em pequena quantidade no couro cabeludo, poderão passar despercebidos até que comecem a provocar coceira. Isto ocorre porque eles rastejam por entre os fios de cabelo, sendo difícil vê-los. Portanto, os piolhos não voam, nem pulam de uma cabeça para outra e a passagem se dá com o contato direto entre elas.

Os piolhos fêmeas levam 3 a 4 semanas para colocarem ovos, em média 10 por dia, que grudarão nos fios de cabelo através de uma substância colante produzida pelo próprio piolho. Estes ovos incubam por aproximadamente 8 a 9 dias, liberando uma ninfa que se transformará em piolho adulto. O diagnóstico é feito através do achado das lêndeas (ovos), ou do piolho adulto.

Para sobreviver, o piolho necessita de um ambiente quente, escuro e rico em alimento. No couro cabeludo há plena condição para isto. É por este motivo que os piolhos se localizam principalmente na região da nuca e atrás das orelhas, locais quentes e mais escuros da cabeça. Eles se alimentam de sangue humano e picam o couro cabeludo, que é rico em vasos sanguíneos. Quando picam, liberam uma substância anticoagulante em sua saliva, o que provoca muita coceira. As lêndeas que são achadas a mais de 1cm de distância do couro cabeludo geralmente estão mortas.

O piolho adulto não consegue sobreviver mais de 1 dia longe do couro cabeludo, em temperatura ambiente. Por este motivo, a transmissão através de pentes, escovas de cabelo, chapéus e bonés é pequena quando comparada com a transmissão direta de uma cabeça para outra, mas, mesmo assim, deve ser evitado o compartilhamento destes objetos. Portanto, o controle da transmissão deve ser direcionado principalmente para o contato direto, bem como para a redução do número de piolhos.


Tratamento medicamentoso

O tratamento deve ser iniciado assim que se tiver certeza do diagnóstico, ou seja, a visualização do piolho ou das lêndeas. Estas últimas podem ser confundidas com caspas, poeira ou gotículas de spray de cabelo. O uso indiscriminado de medicamentos para matar piolhos tem levado a uma resistência dos mesmos, sendo mais difícil combatê-los. Os medicamentos mais utilizados são aqueles à base de Permetrina e Deltametrina, derivados da Piretrina.

A Piretrina é uma substância extraída da flor do crisântemo, eficaz contra os piolhos e praticamente sem toxicidade para os humanos, porém que se degrada facilmente no seu estado natural. A partir da Piretrina desenvolveram-se artificialmente a Permetrina e a Deltametrina, que são derivados mais estáveis e eficazes.

A Permetrina a 1% ( Kwell – Laboratório GlaxoSmithKline ; Nedax – Laboratório Stiefel) mata os piolhos adultos, mas não mata os ovos. Ela persiste no cabelo após alguns dias do seu uso, eliminando 30% a 40% das ninfas que eclodem dos ovos. O cabelo deve ser lavado com um shampoo comum, não se utilizando condicionador. Em seguida, deve-se aplicar o medicamento em todo o couro cabeludo, priorizando as áreas atrás das orelhas e nuca. Após massagear, deixar agir por 10 minutos e enxaguar, não utilizando-se condicionador após. Deve-se repetir a aplicação após 9 dias da primeira, para eliminar piolhos que podem ter surgido de ovos que permaneceram. Caso após a primeira aplicação restem piolhos vivos no dia seguinte, recomenda-se uma nova aplicação.

A Deltametrina ( Deltacid – Laboratório Solvay ; Escabin – Laboratório Virtu’s ), tem ação semelhante à Permetrina. Também é aplicada em toda a cabeça, priorizando-se as áreas atrás das orelhas e nuca, deixando agir por 10 minutos, enxaguando-se em seguida, sem aplicar condicionador. A diferença é que deve ser utilizada por 4 dias seguidos, repetindo-se o tratamento após 7 dias.

Acaba de ser aprovado nos Estados Unidos um medicamento chamado Natroba, que vem para ajudar quando a Permetrina e a Deltametrina não funcionam. Natroba é uma substância química derivada de uma bactéria que existe no solo, tendo sido descoberta por um cientista em férias na região do Caribe. Não é tóxica para humanos e tem quase o dobro da eficácia da Permetrina, quando utilizada por 10 minutos no couro cabeludo.

Existe um medicamento chamado Ivermectina ( Ivermec – Laboratório UCIFARMA), que é administrado por via oral, matando os piolhos adultos. Porém, pode ser tóxico, não devendo ser utilizado em crianças com peso menor de 15 kg. Nos Estados Unidos seu uso não é reconhecido para tratamento de infestação por piolhos.

Medidas complementares

Como os medicamentos que matam piolhos não matam 100% dos ovos, é recomendável que se removam as lêndeas próximas do couro cabeludo, para que o controle da infestação seja mais eficaz. A retirada pode ser manual ou através de um pente fino. Não se recomenda o uso de vinagre após o uso do medicamento em shampoo, pois o vinagre prejudica a ação residual do medicamento.

Outras medidas importantes que devem ser adotadas quando se descobre que alguém na família está com piolhos:

- Avaliar todas as pessoas que vivem na casa, à procura de piolhos adultos vivos ou lêndeas localizadas até 1 cm do couro cabeludo;


- Trocar as fronhas diariamente e lavá-las em água quente;


- Lavar em água quente os objetos como pentes, escovas de cabelo, chapéus e bonés;


- Lavar, de preferência em água quente, as roupas, toalhas e roupa de cama da pessoa acometida, e, se possível, secar em secadora ou ao sol, passando a ferro após secos;


- Aspirar tapetes, carpetes e estofados com aspirador;


- Os objetos que não puderem ser lavados poderão ser mantidos fechados em sacos plásticos por um período de 2 semanas, tempo suficiente para os ovos sobreviventes se transformarem em piolhos e estes morrerem de fome.


O que não deve ser feito

A utilização de agentes oclusivos, que teriam o objetivo de sufocar os piolhos não têm confirmação de eficácia. Portanto, o uso de remédios caseiros como maionese, margarina, óleos vegetais e minerais, azeite de oliva, além de não tratarem o problema, ainda prorrogam e dificultam mais ainda a sua resolução.

Nunca deve-se utilizar gasolina ou querosene para eliminar piolhos e a utilização de “ máquina zero” para cortar todo o cabelo, hoje em dia, felizmente já não é mais necessária.







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